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segunda-feira, 12 de abril de 2010

“HAVIA UMA PEDRA NO MEIO DO CAMINHO..."

ViVerdeNovo

SEGUNDA-FEIRA, 12 DE ABRIL DE 2010

Por Arlindo Montenegro

Quem não é soteropolitano de berço ignora quem foi o autor dos versos: "A praça é do povo, como o céu é do condor". A praça como espaço onde todos se encontravam está cercada. As alturas do espaço aberto, livre, o céu sem limites donde o condor exercita sua visão apurada, o céu das ideias elevadas, do saber consistente, da visão estratégica e da previsão de ventos e tempestades está obscurecido.

Naquele céu circularam as mentes de ilustres brasileiros que imaginaram uma nação exemplar. Brasileiros que se destacaram nas ciências, nos inventos, nas artes ganhando projeção mundial. Líderes intelectuais cuja referência hoje existe apenas nos centros de estudos avançados no exterior. Sumiram, foram varridos das nossas escolas, dos nossos centros de pesquisa, salvo raras exceções técnicas.

Ambulamos cegos nas trevas da ignorância institucionalizada. Imagine a mente, as ideias, escondidas em gavetas espalhadas pelo corpo, que nem aquelas gavetas espalhadas nas figuras pictóricas de Salvador Dali. Gavetas fechadas guardando o que os olhos veem, gavetas escondendo o que a pele sente, gavetas mentais travadas e bocas costuradas. Assim parece estar a inteligência brasileira.

Das gavetas abertas como caixas de Pandora, emergem cobras e lagartos marxistas, infestando o ambiente com o discurso primário e populista, próprio de quem nunca se dedicou com disciplina e boa fé, à busca conscienciosa, racional e científica. Um discurso repetitivo, uma ladainha de ignorância desprezada pelos que a experimentaram na prática, durante mais de meio século. Em que momento a busca do saber rendeu-se às fórmulas prontas, à preguiça mental?

Os poucos atrevidos que buscaram respostas nos velhos documentos, arquivados nas gavetas fechadas da memoria nacional, falam de educação em tempo integral, hierarquia acadêmica, autonomia da universidade, equipamentos de laboratório e todo um complexo físico e normativo, que é incipiente em nossos centros superiores de ensino, abrindo caminho para os protestos de alunos e logo de professores, terreno que os marxistas gostam de explorar.

Os governantes sempre aludem à "falta de verbas" e embora aprovem orçamentos, vão cortando ou não liberam os recursos, adiando soluções. Neste ambiente, a partir de 1960, a atividade política universitária, embalada pelo esquerdismo fabiano, foi minando tomando o espaço do saber acadêmico. Daqui a pouco os “professores” serão substituídos por computadores que vão selecionar textos, produzir testes de múltipla escolha e expedir certificados de graduação.

Nos meados do século passado, marxistas que, quando muito, haviam lido o Manifesto Comunista e moços da AP que discutiam Mounier, Althusser, Chardin formavam seus grupos de debate. Uns identificados com a burrice stalinista, outros na estreiteza violenta da praxis cubana, apreciadores de Mao e seu livro vermelho, trotskistas, albaneses... "linhas diversas" embalavam paixões nas mesas dos bares. Menos um pensamento de linhagem brasileira.

Usando calças jeans nossos jovens insatisfeitos com a realidade, atribuíam (e até hoje persistem no mesmo discurso ) todos os nossos males ao "imperialismo norte americano" e ao capitalismo. A academia dominada pelos marxistas incapacitados pelos antolhos ideológicos, foi incapaz de constatar o quanto estávamos afastados de um estado democrático de direito e reféns de uma descaracterização cultural, promovida e financiada por institutos e fundações internacionais, interessados em manter o colonialismo material e a subordinação cultural.

Nossos acadêmicos foram incapazes de incutir o amor à liberdade e a busca de soluções domésticas, não importadas. Viciados pelo marxismo e busca de soluções de poder revolucionário, foram cooptados por fundações, institutos de pesquisa internacional estrategicamente dedicados a desfocar a atenção e dedicação dos intelectuais colonizados, enfeitiçados pelo brilho colorido das civilizações “superiores” (?) “avançadas” (?)

Instalou-se a democracia positivista envergonhada no lugar do pensamento científico investigador de soluções naturais locais. A liberdade de pesquisa foi direcionada pelo cabresto do ateísmo, que proporcionava bolsas de estudo, prestígio, viagens, acesso a informações indisponíveis no Brasil. O status estava em ser e falar como esquerdista.

Tudo envolvido num desenvolvimentismo traiçoeiro, estratégica formulada pelos que financiam os grandes centros de estudo, artífices da engenharia social que nos colocou num beco sem saída. Conduziram as nações a mendigar recursos, quando são detentoras das fontes destes mesmos recursos, sejam botânicos, minerais, terras produtivas, água, fauna variada, clima privilegiado, tudo quanto é propício à manutenção e reprodução da vida. Nosso saber acadêmico deixou passar batida a reflexão, a construção metodológica, o vademecum independente.

Nem toda a população pode ser de acadêmicos, mas se pode perseguir que todos sejam letrados, bem informados, dominando o saber erudito, as artes, as técnicas, exercitando e transmitindo nos diversos níveis hierárquicos, avançando livres e elegendo os melhores para a condução da gerencia interna e das relações com outros países.

O sociólogo católico José Arthur Rios, da UFRJ, situou alguns pontos aproximados do filósofo Mario Ferreira dos Santos, deixando claro que o vírus dos modismos importados, contaminou nossas escolas abertamente, desde a era pós Vargas. Hoje temos uma escola superior massiva, frequentada por analfabetos funcionais, a maioria de jovens que buscam o diploma para garantir um posto de trabalho de nível médio ou técnico, que a teoria e as distrações políticas não garantem.

"Havia uma pedra no meio do caminho", uma obstrução que nos encaminhou por veredas estranhas. Nossa mente foi limitada pelos fuminhos, sexo, liberações totais, desrespeito às tradições que fortalecem as culturas independentes e as nações soberanas. A metodologia ficou subordinada aos cânones marxistas.

E a pedra obstruiu o pensamento livre e criativo. Mudaram os governantes, acentuou-se o controle ditatorial e hoje, o presidente da pseudo república federativa fundada no estado democrático de direito, declara que não respeita a lei. E fica o dito pelo não dito.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".